quinta-feira, 15 de março de 2012

Dança do Ventre e o Auto conhecimento

     Quando fazemos algo, sempre reproduzimos nisto como fazemos tudo o mais. E o exemplo que usamos em nossa aula de dança, colocarei aqui.

     É muito fácil dizer que se deve ser de um determinado jeito, cultivar certas qualidades, etc. Isto praticamente todas as pessoas estão aptas à compreender. A grande dificuldade e conflito surgem quando se tenta colocar em prática, pois daí irão surgir sentimentos de culpa, incompetência, vergonha, etc. E agora então farei uma analogia que deixará claro como as coisas de fato acontecem.

     Quando alguém vai para a aula de dança e a professora explica um passo, todos conseguem compreendê-lo intelectualmente, embora ninguém o tenha de fato experimentado. No momento de partir para a prática, a compreensão intelectual parece inútil, pois ela não faz com que a pessoa consiga executá-lo com supremacia logo na primeira tentativa. Então, por que seria diferente nas demais situações da vida? Por que as pessoas costumam pensar que ao assistir uma palestra, tornam-se senhoras do conhecimento expresso ali?

     Retornando ao exemplo da aula. Então a aluna tenta fazer o passo algumas vezes, começa a consegui-lo, desde que o leve a sério e se dedique com o melhor que há em si. Desde que tenha humildade para reconhecer as dificuldades e perceber que a compreensão intelectual é apenas uma pequena parte... Quando alguém decide ser menos orgulhoso, mais compreensivo, etc , o processo acontece da mesma maneira: Primeiro se entende a necessidade de alguma mudança, depois se reconhece a sua possibilidade pessoal para tal, não baseado na razão, e sim na sua compreensão de suas possibilidades emocionais para tal mudança. Isto exige proximidade, exige acolhimento do ser como ele é, e só a partir de então se abre a possibilidade para a mudança.

     Quem se dedica ao trabalho árduo do aprender, qualquer que seja a lição, vai se defrontar com sua realidade e vai dar todos os passos necessários nos tempos adequados com amor e dedicação. Esta pessoa pouco tempo terá para falar sobre tudo isso, ela sentirá e vivenciará esta lição. E no seu tempo, depois de muito exercitar, conseguirá a maestria no que se propôs.

     Quem permite que o ego tome conta da situação e valoriza demasiadamente o intelecto, diante do aprendizado acreditará que somente a compreensão intelectual basta. E, ao tentar colocar em prática, se defrontará com sua realidade nada graciosa e obediente, e então partirá para a fuga, evitando o exercitar-se. Em analogia, está pessoa terá muitos discursos a respeito da dança (do respeito, da humildade, do amor) porém sendo incapaz de colocar em prática. Muitos acreditarão, junto com ela, em seu conhecimento sobre o assunto...  Poderá falar sobre a beleza e plenitude, porém sem experimentar (como o homem que constrói um lindo castelo para ele e os demais olharem, mas ninguém morar lá...). E quando, em alguma situação da vida, lhe for necessário colocar em prática, ficará com medo, vergonha e culpa por não conseguir fazer o que tanto conhece...

     Por isso reafirmo, a dança, quando feita com sinceridade e entrega é uma forma de auto conhecimento e desenvolvimento da humildade e entrega ao absoluto.
                                                                                                    Gisele T. Ricetti

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