segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Uma Xícara de Chá - Outubro

     O princípio da dualidade em nosso corpo se expressa também na respiração. Em cada expiração a promessa da inspiração, e por toda a vida o corpo se mantém em processo constante de transformação.
     Embora não nos percebamos fazemos nossas escolhas e reagimos dentro desse processo, que parece-nos ser a realidade. Mas será que a verdade e a vida é um processo?
     Porém até na respiração existe um momento em que não existe inspiração ou expiração. Que momento é este de pausa? Por mais que intelectualmente procuremos entender a pausa no processo é somente nela que o processo se dissolve.
     No último encontro Uma Xícara de Chá na Casa de Yoga Maha Devi, além de refletirmos sobre questões interessantes, nos alegrarmos com as surpresas e reunirmos amigos como sempre, experimentamos uma técnica de meditação com o mantra que evoca as oito qualidades do Divino e que se expressam em cada um de nós em cada fase dos vários ciclos que a vida nos dá!
                                                                                                              Christyano

 

Amor,
     Seja comum, tão comum que virtualmente você chegará a ser ninguém -
e aí haverá uma abertura, e aí haverá uma explosão.
     Somente quando você não é você é extraordinário!
    
 Mas não pense nisso e não deseje isso,
e se o desejo vier esteja alerta e ria.
     Ele ficará parado na consciência, e a energia criada será usada pelo riso,
e depois do riso você vai sentir um relaxamento profundo.
     Então comece a dançar e a cantar,
e o estado negativo da mente será transformado em positivo.
    
O desejo de ser alguém é absolutamente negativo,
porque o ego é a negação do ser.
     O ego é o princípio da negação,
e se o negativo é negado então você está positivo.
     O ego é a fonte de toda a inferioridade,
mas o truque é sutil porque o ego promete superioridade
e no final somente resulta em inferioridade.
     Desvende este segredo e compreenda-o claramente.
 
     Aquele que pensa em superioridade
vai permanecer sempre inferior,
porque estes são dois aspectos da mesma moeda.
     Oh! Semeie a superioridade e você vai colher inferioridade.
     Comece com o desejo de superioridade
e você vai terminar com nada mais que inferioridade
e todo o inferno que está envolvido nela.
 
     Comece com humildade, com modéstia,
e você estará mais perto do divino.
 
     Na verdade você é divino,
mas o ego não vai lhe permitir nenhum espaço
para olhar  sua própria divindade.
     Ao contrário, ele vai continuar a criar novos céus imaginários
somente para abrir caminho para novos infernos.
     Entre no céu e você estará entrando no inferno!
 
     Esteja consciente disto, e fique alerta com o seu chamado "eu" -
o criador de todas as agonias que existem no mundo.
     E seja um não-eu e você vai ser aquilo que já é e tem sempre sido -
aquilo que é bênção eterna, e liberdade, e o ser cósmico, o brahman.
 
     Tat twam asi - você é isto, meu amor.
                                                         Osho

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sukhasana - Postura Fácil

     Sthira-sukham asanam
conforme o Yoga Sutra,
"a estabilidade e o bem-estar são as qualidades que definem o ásana".
 
     A prática dos ásanas não é um fim em si mesmo. Em uma postura estável e confortável, nós criamos condições para desenvolver a consciência respiratória, chegando finalmente ao estado meditativo. Sukha não é apenas uma questão de bem-estar físico e conforto, mas também de inteligência e de disposição para abrir mão de ideias preconcebidas e manter-se no processo de autoconhecimento.
 

     Shiva, o senhor do Yoga, senta-se em meditação nas montanhas, mantendo o foco no terceiro olho, o ponto entre as sobrancelhas. Nesta posição ele se torna tão estável que tem domínio sobre todos os seus sentidos, representados pela serpente enrolada em seu pescoço e a pele de tigre que ele usa como assento. Em suas mãos ele segura um tridente, que representa a natureza tripla do universo, e um pequeno tambor, que evoca o ritmo do tempo. A lua crescente flutua em seus cabelos como um emblema do tempo e da mudança, contrastando com a estabilidade dessa posição simples, confortável e eterna.



     Nesta postura procure observar um bom apoio dos ísquios (ponta inferior do quadril). Caso não consiga apoie o quadril sobre uma almofada mais firme, ou até mesmo um coberto dobrado, desta forma ele fica mais elevado e os joelhos descem, então é possível sentir o conforto e a firmeza existentes no ásana. Traga o sacro a frente, e eleve o peito. Permita que todo o peso recaia sobre o quadril, no chão, e que esta força retorne ao seu corpo alinhando sua postura.
    

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Como é o Yoga na Casa de Yoga Maha Devi

   Vivemos em um tempo onde os nossos compromissos diários de trabalho nos solicitam atividades mentais aceleradas e compromissadas com o ritmo com que a tecnologia evolui. Onde, sem nos percebermos, passamos horas em posições corporais que se condicionam de acordo com as exigências de nosso ofício, aliada ao pouco espaço físico e muitas vezes ao pouco contato com a natureza. O que vem restringindo cada vez mais nossas percepções sensoriais naturais. Neste contexto, quando nos percebemos, nossa visão, audição, olfato e paladar estão mais artificiais do que deveriam e a nossa saúde tende a seguir padrões nãos adequados para uma vida saudável. E quando chega o momento de percebermos o nível de comprometimento e condicionamento físico e mental, ficamos sem saber o que fazer.

   Na Casa de Yoga Maha Devi, baseado nas técnicas clássicas de Hatha Yoga e outras linhas, oferecemos um conjunto de atividades psicobiofísicas e mentais, inteligentemente adaptadas às necessidades das pessoas do nosso tempo, que merecem um estímulo corporal e mental que venha promover além de um bem estar físico, mas a consciência geral para a apropriação de sua responsabilidade de viver plena e saudável a sua experiência humana pessoal, resgatando o equilíbrio físico e mental. Não se trata de uma terapia, porque as técnicas de yoga não foram desenvolvidas para isso, mas podem ser direcionadas adequadamente para um propósito reeducativo sim. Onde todas as pessoas são aptas a praticar. Já que costumamos alertar que não se pratica yoga, pratica-se a si mesmo, com respeito e responsabilidade, mas, sobretudo, compromisso consigo mesmo e em direção do encontro com suas necessidades, potencialidades e limitações para acessar sua real condição, e, a partir disso, segue no caminho do que temos chamado de descondicionamento físico e conhecimento mental. Para isso, o corpo é a ferramenta mais adequada, é a partir dele que expressamos o nosso estado interno, é o nosso veículo de comunicação e é por meio dele que desfrutamos todas as sensações.
   É fato que muitas das posturas clássicas de Hatha Yoga e outras tantas que pouco tem a ver com o Hatha Yoga, e mais se assemelham às técnicas de contorcionismos e que ilustra as revistas e as chamadas publicitárias se apresentam inviáveis à maioria das pessoas. Por isso é que escolhemos uma metodologia que reúne e não a que separa e divide os grupos em níveis. Trabalhamos com posturas estáticas e movimentos que promovam benefícios energéticos, fisiológicos, biomecânicos de relaxamento e meditação que acesse o aluno na sua individualidade respeitando o seu desenvolvimento natural, amadurecendo a sua prática, propriocepção e capacidade de auto entrega. O resultado é basicamente científico, você faz a experiência e observa o resultado imediatamente. Só não prometemos nada, apenas convidamos à prática!
                                                                                       Christyano E. Ricetti

O Verdadeiro Papel do Professor de Yoga

   Antes de qualquer coisa o instrutor de técnicas de yoga deve conhece-las, e experimenta-las. Depois deve saber quem é a pessoa que ele irá orientar. Saber das suas limitações pessoais em relação a esse conhecimento e se aproximar do aluno de maneira bastante interessada e respeitosa. Sabendo do alcance energético, fisiológico e mecânico das técnicas que irá utilizar, deverá adequa-las às necessidades e possibilidades dos alunos. O instrutor de yoga não quer atingir objetivos nem resultados, ele quer ver o seu orientando progredir rumo a conscientização de si mesmo em níveis que incluem o corpo. Para o instrutor de yoga a expressão máxima que se conseguiu construir e dar forma não é somente um organismo, mas o lar, o templo de culto à vida, onde é iniciado o neófito que ali reside. Ele sabe que naquele corpo está registrada uma verdadeira odisseia que se constituiu em nada mais , nada menos que a história, todas as sensações, emoções e vivências daquela pessoa. Por isso, este instrutor jamais irá incentivar o seu aluno a ultrapassar os seus limites, antes de convida-lo a interessar-se para conscientização de ter limites conhecidos e desconhecidos. O instrutor respeitoso não apressa, ele sabe que o que foi construído por anos não deve ser destruído em dias, mas se a vontade do aluno assim o quiser, com honestidade, ele deve convida-lo a conhecer a origem dessa vontade. Em seguida, se assim tiver que ser, iniciar uma desconstrução respeitosa e consciente onde a ação e o coração estejam em atitudes afins, mostrando desta forma o verdadeiro significado e importância da coragem.
   O instrutor não se interessa em ser visto, não se importa com o que enxerga, mas com o que está oculto, muitas vezes do próprio aluno. Por isso ele vê o que o corpo mostra sem se distrair. Ele sabe que as técnicas yogues têm alcance muito além do corpo físico, mas que se inicia nele, exigem dele e o transformam. Ele sabe que quando não bem utilizadas, não respeitando as suas compensações articulares, podem trazer prejuízo para estas áreas do corpo. Mas sobretudo ele sabe que deve equilibrar as técnicas em nível fisiológico e energético para que não interfira no funcionamento adequado dos órgãos internos, sistema nervoso e glandular.
   O instrutor de técnicas de yoga conhece e procura praticar em si e principalmente em sua profissional os conceitos éticos  e morais que constituem o primeiro e o segundo passo do yoga, sugerido e orientado por Sri Patanjali no yoga sutra. E que, embora, esteja utilizando as técnicas de hatha yoga deverá honra-las seguindo as orientações de Swatmarana, inclusive a principal, que deixa bem claro que o caminho do hatha yoga deve levar na direção do raja yoga.
   Ele certamente levará em consideração as orientações do Bhagavad Gita, ao menos aquela que o Divino mestre nos orienta, que a ação ainda é melhor que a inação, e já sabe que a reação é mais comum, e que para a ação acontecer é necessário a presença de espírito.
   Ele vai incentivar o seu aluno a vivenciar a sua capacidade. Vai mostrar que ele mesmo pouco fez, no que diz respeito ao progresso do aluno e que o resultado é da prática adequada ao mesmo.
   Ele sabe, e deve zelar para que a integridade do aluno se mantenha. Ele é responsável pelo que ensina, por isso deve ensinar direito. Esse, talvez seja um dos principais papéis do instrutor.
                                                                          
Um agradecimento especial aos professores que fizeram parte da minha história, aqui representados por alguns, e que dia após dia de convivência durante a formação, me ensinaram o que é ser professor.
                                                                                          Christyano E. Ricetti
 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Uma Xícara de Chá - Setembro

    Em setembro tivemos mais um encontro com este tema tão acolhedor. Tomar uma xícara de chá é permitir-se um momento consigo mesmo, um olhar para o que realmente tem importância, para o que é atemporal. Setembro é onde inicia-se a primavera, momento em que toda a natureza anseia pela transformação, para que haja a continuidade da Vida. Em nós não é diferente, e por isto este foi o tema deste encontro, onde além de lermos e conversarmos sobre as sábias palavras de Osho, também fizemos uma técnica de meditação com o mantra de Shiva, que é a consciência transformadora e transmutadora do universo, por isto é o criador mitológico do Yoga! Shiva é o arquétipo do yogue que, ao transcender-se, transmutar-se em todos os níveis de seu ser acessa o estado de Sat-Chit-Ananda, que é Verdade-Consciência-Bem aventurança, onde não há mais conflito e sim o estado de plenitude!

"Amor.
Amor é também fogo,
mas um fogo frio.
Ainda assim temos de nos queimar nele
porque ele também purifica;
queima somente para purificar.
As impurezas queimam,
e deixam o ouro puro.
 
Da mesma forma meu amor vai trazer sofrimento
porque eu quero destruir você para que eu possa
recriar você.
A semente tem de ser quebrada -
de que outra forma pode uma árvore nascer?
O rio precisa terminar -
de que outra forma pode ele fundir-se com o oceano?
Então solte-se e morra -
de que outra forma você pode encontrar seu eu?"
                                                       Osho
 
"Amor.
Você diz que se sente quebrado.
Seria melhor que você se quebrasse completamente
e desaparecesse.
 
Aquilo que é será sempre um fato,
e aquilo que se tornou
está fadado a desaparecer.
Transformar-se sempre leva a dissolução,
então não tente salvar-se
Aquele que se perde
vai além da vida e da morte,
e aquele que se salva está perdido.
Você está ocupado salvando-se
e é por isso que você tem medo de se quebrar.
Mas o que há para salvar?
E aquilo que vale a pena salvar já está salvo."
                                                     Osho
 









 

O Mundo só Existe Porque o Ventre Dança!

Não se engane, o mundo só existe porque o ventre dança!
Dança porque sente o mundo, sente o mundo porque dança!
É nele seu centro de equilíbrio.
O ventre dança quando compartilha o ar que se respira. Torna-se pleno de vida, e vazio para receber o presente.
Dança quando recebe o alimento primeiro, o leite materno, e regozija-se de prazer.
Dança quando chora, e expressa desespero, tristeza e raiva.
O ventre dança, dança enlouquecidamente numa gargalhada de alegria.
Dança quando come o alimento da mãe terra. E dança também quando elimina o que não vai mais precisar!
Dança quando a mulher sangra, e dança enquanto espera...
O ventre dança quando há um envolvimento de corpos, dança preparando-se para receber uma vida... dança quando acolhe uma vida!
Dança enquanto gesta...
E faz a dança mais linda quando dá a luz, numa dança forte e doce, a dança da entrega, confiança e amor!
Dança enquanto dorme, dança acordado, dança por estar vivo!
Engana-se quem diz que nunca fez a dança do ventre. Só não a faz quem não vive, quem tem medo de viver, de ter ventre, de ter barriga!



E façamos como o ventre, que celebra a vida dançando!
                                                                              Gisele T. Ricetti

sábado, 5 de setembro de 2015

Yoga e a Adolescência


     A adolescência, que naturalmente já é um momento atribulado da vida, devido às mudanças hormonais que afetam física, psicológica e emocionalmente, é agravada pelo momento social que o adolescente se encontra, onde, ainda muito jovem, e agora sem consciência de quem é, é cobrado a ser o melhor estudante, comprometido muitas vezes com inúmeras aulas extras, ou com um tempo ocioso, e nem um nem o outro dando sentido à vida. Muitas vezes se espera que já tome uma decisão sobre a profissão que irá exercer pelo resto da vida, e é esquecido que antes de formar um cidadão, deve-se cultivar com respeito o ser humano ali existente. Neste momento o papel do grupo é de extrema importância, pois é ali que encontra as características que acredita ter, ao mesmo tempo em que necessita se distanciar dos pais para também ter um vislumbre de quem é. É quando o interesse e as descobertas com o sexo oposto começam a surgir, muitas vezes associado a um turbilhão de informações via televisão e internet, que torna esta uma necessidade mais mental, competitiva, que propriamente emocional e física.
     O yoga neste momento da vida pode ter um papel primoroso, dando ao adolescente a capacidade de desenvolver uma relação de amor e respeito que irá guia-lo pelo resto da vida: a relação de amor próprio! É através das postura psicofísicas, das respirações e meditações que esta ligação se fortalecerá de forma descontraída, desafiadora e ao mesmo tempo acolhedora. A partir daí, todos os demais vínculos começam a tomar a devida proporção, sempre pautados em respeito a si próprio e ao outro, o mundo deixa de ser o lugar hostil e tedioso e torna-se o lar em que o adolescente é agente transformador e a família passa a ser a base e a mola propulsora para um salto em segurança no mundo!
                                                                                Gisele T. Ricetti


 

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Uma mulher pode ser mestre?

     Por vezes há um questionamento sobre os mestres e a possibilidade de uma mulher tornar-se uma mestra. Porém na maioria dos casos, em um mundo onde o machismo é predominante isto nem se torna uma questão... Muitas vezes, o exemplo de mulher que as meninas gostariam de ser são aquelas que são escravas desta sociedade, e portanto assumem o papel da mulher objeto, um pedaço de carne, como ninguém, são admiradas por exporem seus corpos e não seus pontos de vista. Quando procuramos nos informar, encontramos mulheres que permitiram que sua essência fluísse e que acolhem o mundo dentro de uma energia puramente feminina! Um grande exemplo atual é Amma, que além de ajudar milhares de necessitados na Índia, ainda viaja pelo mundo abençoando as pessoas com seu abraço, um a um, as multidões que se formam em cada lugar que chega!


"O verdadeiro amor só surge quando você se livra de todos os apegos. Então a batalha da vida transforma-se num lindo jogo. Torna-se serviço desinteressado, ampliado para toda a raça humana, sem distinção. Nesta batalha não é o ego que está lutando, e sim o maor que está consumindo o ego e transformando você no próprio amor."
                                                                                                               Ammachi

 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Em tempos de Crise, Invista em Você, Faça Yoga

     Crise é uma palavra de origem grega que significa ruptura. O conceito de crise é utilizado em muitas áreas do conhecimento como na economia, na psicoterapia, na sociologia entre outras. Está sempre associada a uma mudança que pode gerar alterações físicas ou simbólicas importantes no desenvolvimento de qualquer evento. Esta mudança causa sempre uma ameaça a um padrão estruturado onde deve comprometer a continuidade de um processo social, histórico, espiritual ou íntimo. Portanto, um momento difícil. O medo do resultado da evolução de uma doença, a perda do controle emocional depois de uma notícia grave, a manifestação repentina de um sentimento agradável ou desagradável, resultando em stress e alteração nervosa são exemplos de crises pessoais que qualquer indivíduo pode vir a experimentar, ou já experimentou. A fase de transição entre um momento bastante próspero e outro de depressão é exemplo de crise, que pode ocorrer no âmbito pessoal, social, institucional, político, estatal e até mesmo global. O desequilíbrio entre produção e consumo, a carência, a escassez, disputas, conflitos de toda ordem que geram incertezas, são situações de crises.


     No entanto, tenho a impressão que mais que um conceito para ser pensado e entendido, a crise pode, por outro lado, nos chamar para as sensações presentes, provenientes das reações vividas no momento, para impressões novas e possibilidades. E uma vez que entendemos como oportunidades de sentir e agir de forma criteriosa, com discernimento e maturidade crítica aliados à criatividade, a própria crise pode se tornar um importante impulso orientador para mudanças de paradigmas. Promovendo uma reflexão mais coerente e real da situação que se apresenta no processo.
     Sob o ponto de vista de auto conhecimento, podemos resgatar alguns casos bem conhecidos onde o ser em seu momento mais crítico pode ter acesso à sua humanidade mais elementar. Como Adão e Eva que perderam o paraíso, Abraão que no momento do sacrifício de seu filho ouviu a consciência, Moisés que após a fuga do Egito preparou-se para a libertação, Arjuna que entre as fileiras dos dois exércitos no campo de Kurukshetra vacilou e caiu de joelhos aos pés do mestre, o príncipe Sidharta acometido por uma inquietação o levou à realidade da vida e despertou a busca pela iluminação, Jesus que em seu deserto se encontrou com as tentações, as enfrentou e se preparou para a união com Deus. A história conhecida da humanidade está repleta de contos, lendas e fatos de conflitos dando direção ao curso de sua existência que causaram mudanças importantes, triste e felizes, inteligentes e medíocres, gloriosas e dolorosas, de acordo com o ponto de vista.
     Quando nos encontramos em situações muito confortáveis, onde tudo é precisamente planejado, com seus resultados previstos, e o panorama monótono, porém organizado, onde o ritmo e o tempo psicológico estão de acordo com as nossas crenças e valores culturais, temos a impressão de vivermos novamente no paraíso, outrora perdido. A vida assim parece-nos a expressão fidedigna de nossos sonhos. Porém, no sonho, nosso sono é leve e o despertar virá em seguida.
     Se para todo ônus há um bônus e para todo bônus um ônus, aprendi com um aluno administrador que podemos nos preparar para o reverso. Mas isso não cessa? Dizem-nos os mestres: Tome uma xícara de chá! Estão nos dizendo que existe um meio termo, um momento neutro no agora.
     E o conflito se baseia em nossos conhecimentos e metas, resultados e possibilidades, e se isso tudo é fruto do passado e do futuro, sri Patanjali nos indica em seu Yoga Sutra no primeiro verso do primeiro capítulo: " Agora a disciplina do Yoga." e em seguida ele diz: " Yoga é a cessação dos turbilhões da mente." Portanto, em tempos de crise invista em você: Faça Yoga!
                                                                                Christyano E. Ricetti
   

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Pão de Queijo Vegano

Uma receita fácil e rápida, ideal para quem tem intolerância à lactose, ao glúten, e aos que pretendem uma alimentação mais consciente!



Ingredientes:
- 200g de polvilho azedo
- 300g de polvillho doce
- 150ml de azeite de oliva
- 500g de mandioquinha (cozida e espremida) 

- 1 colher de chá de sal marinho
- 1 colher de sopa de orégano, alecrim ou manjericão
- 1 colher de chá de açafrão da terra (opcional)

- água.

Modo de Preparo:
    Misture o polvilho doce, o azedo, sal, ervas e óleo em uma tigela grande. Acrescente o purê de mandioquinha e, aos poucos, vá adicionando a água. Misture a massa até ficar homogênea.
3- Faça os pães do tamanho e formato que desejar.
4- Coloque os pães em uma assadeira (sem untar) e deixe no forno por aproximadamente 45 minutos.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Chai - Chá Yogui

    
 
     Esta é a receita do chá que oferecemos aos nossos alunos. É um típico chá indiano, batizado de chá yogui pois foi ensinado por Yogui Bhajan aos praticantes de Kundalini Yoga. Além de ser delicioso é ótimo para a saúde, aumenta a energia, facilita a digestão, beneficia o sistema nervoso, entre outros inúmeros benefícios!

Ingredientes
- 1 pau de canela
- 3 pimentas pretas
- 6 fatias de gengibre
- 9 cravos da índia
- 12 cardamomos
- 1 colher de chá preto
- 2 litros de água

Modo de Fazer
     Coloque 1 litro de água pra ferver com a canela, as pimentas, o gengibre, os cravos da índia e os cardamomos abertos. Deixe ferver por 20 min. Acrescente o chá preto e o outro litro de água já fervido.

     Rende 2 litros. Se preferir pode substituir um litro de água por um litro de leite. Adoce, se desejar.

 

terça-feira, 30 de junho de 2015

Constelação Familiar

   


    A constelação familiar é uma técnica voltada a todas as pessoas que queiram trabalhar suas relações familiares e amorosas, problemas de saúde, perdas e/ou luto, comportamentos destrutivos, vida profissional, empresarial, enfim, todo tipo de conflito, dificuldade, faltas, distúrbios, vícios, etc.
    Muitas das dificuldades pessoais e de relacionamento que temos são resultados de confusões nos sistemas familiares. Esta confusão ocorre quando incorporamos em nossa vida o destino de outra pessoa viva ou que viveu no passado de nossa própria família ou ainda em nosso passado individual, sem estar consciente disto e sem querer. Isto nos faz repetir o destino dos membros familiares que foram excluídos, esquecidos ou não reconhecidos no lugar que pertencia a eles.
   Ao realizar uma constelação familiar, ampliamos a compreensão que temos da nossa família. Com amor e sem julgamento, esta ferramenta permite trazer à tona aquilo que realmente aconteceu à estrutura do campo de energia familiar, que levou os membros de uma família a se tornarem agressores ou vítimas, a ficar com problemas (os mais variados - mentais ou doentes) levando a cura a toda essa estrutura.
O amor é a energia que anima o trabalho das constelações familiares a qual tem como fundamento “aceitar as coisas como elas são”.
Simples assim.
Venha conhecer essa maravilhosa técnica de cura!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Dança do Ventre - Da miséria ao êxtase

      Ouvindo Lena Chamamyan e tomando um chá de especiarias, no maior clima Oriente Médio, pus-me a pensar na profundidade da dança, em especial da dança do ventre. Antes de ser uma expressão cultural e artística, a dança foi uma forma de expressão de si mesmo, levando ao sentimento de união com o divino. Por isso os seres humanos começaram a dançar, e a organizar sua dança, e a fazer continuamente. Então, por mais que muitas vezes não se queira, e as vezes se queira com muita veemência, dançar é um ato esotérico.
     Daí surge a pergunta: como está a minha dança? Danço pra quem? E por quê? Segundo Nietzsche: " E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música." Em verdade loucos eram os que não ouviam a música, e loucos exibicionistas os que dançavam sem ouvir a música! Óbvio que a filosofia de Nietzsche é ampla, mas como toda boa filosofia se aplica facilmente. Já que esta menciona a dança, por que não levá-la ao pé da letra?
     Em dança do ventre, quantas são capazes de ouvir a música, serem tomadas por ela, e entrarem em um estado pleno, pelo simples fato de serem tiradas para dançar pela própria música? E quantas dançam com o objetivo de ter plateia, a música de fato não as toca, dançam, sem ouvir a música, e ao terminar se glorificam dos acertos e se punem pelos erros cometidos? Quantas são capazes de perceber a energia movimentada durante a dança e liberar-se física, emocional e sobretudo egoicamente para que a dança possa fluir? Quantas se contentam com a miséria de notas e moedas de ouro no cinturão, enquanto a dança pode levá-las ao maior estado de graça? Quantas estão dessincronizadas com a música, desarmonizadas com o grupo e principalmente, não percebem de fato tudo isto porque estão desconectadas de si mesmas?
     Uma multidão de pessoas que dançam sós, com objetivos medíocres de serem melhor que as outras, ou aparecerem mais que as outras, ou simplesmente postarem mais fotos que as outras. A dança é muito maior que isso. A dança do ventre é livre de vaidade e rica em humildade, genuinamente leva à união, união de pessoas que colaboram umas com as outras, que desenvolvem uma cumplicidade, daquelas que se conversa com o olhar, que jamais se sentem sós ou perdidas, porque sentem que fazem parte de algo. E a partir disto caminham para o encontro de si mesmas, para a plenitude da alma. E dançam libertas de julgamentos, condenações ou exaltações, dançam para si próprias, pela própria alegria do dançar!
                                                                                Gisele T. Ricetti


 

domingo, 21 de junho de 2015

Uma Xícara de Chá

     Quando alguém vai a um Mestre Zen e faz muitas perguntas e ele permanece em silêncio, ele está dizendo:" Deixe toda esta bobagem!" E quando ele diz: "Tome uma xícara de chá!" Ele está dizendo algo de extrema importância, ele quer dizer: "Esqueça esta bobagem, tome mais consciência, tenha um pouco de meditação!"
     Quando nos encontramos para tomar "Uma xícara de chá", além de estarmos revisitando uma tradição ancestral que pede um momento de pausa, compartilhamos as sempre sábias palavras de Osho, em cartas escritas para todos nós!
     Encontramos, reencontramos e conhecemos pessoas com um objetivo em comum, o autoconhecimento e a comunhão! E nesta comunhão reduzimos a força do negativismo doentil que tem assolado a humanidade, fortalecendo uma unidade de amor e compreensão que se expande e envolve tudo ao redor!

 
"(...) Mas a semente pode permanecer uma semente e morrer.
A oportunidade pode ser perdida.
Você é livre para ser aquilo que você deve ser ou ser aquilo que você não deve ser.
O homem é livre para ser ou não ser - está é a glória e esta é a carga. (...)"
Osho
(Fragmento da carta lida no encontro de 19 de junho de 2015).

sexta-feira, 12 de junho de 2015

O Sagrado Templo de Compras

     Texto inspirado por pessoas muito caras, Regina e Grazielle, que com seus comentários me puseram a divagar...


O Sagrado Templo de Compras

     O ser humano, através do tempo acredita que tem evoluído muito, principalmente no último século, com inúmeras inovações tecnológicas, mudou também seu comportamento e crenças! Os que "evoluíram", ao ver alguém que baseia ou baseou sua vida em princípios religiosos, frequentando templos, fazendo preces, etc., acreditam que são pessoas até ignorantes, que não permitiram que a luz da ciência as toque e guie seu caminho com lucidez.
    Ora, percebamos o quanto não mudamos! Os templos que se erguiam numa arquitetura inigualável antigamente, para reunir pessoas que iam quase que diariamente, hoje transformou-se nos shoppings que oferece a mesma estrutura com o mesmo fim, a união da comunidade. Antes e ainda hoje, muitos iam à igreja barganhar com Deus, eu te ofereço dinheiro, meu sacrifício, seja ele qual for, e em troca você me dá paz (na forma de uma bela casa na praia), prosperidade (na forma de um ótimo salário) ascensão espiritual ( na forma de ascensão social), hoje as pessoas vão ao Shopping comprar tudo isso. Se antes alguns iam ao templo pro estarem infelizes, hoje vão às compras.
     Os iletrados passavam o dia com seus terços na mão, tentando uma religação com Deus, um sentimento de união, para não se sentirem só... Hoje, as pessoas fazem o mesmo movimento que faziam no terço, no celular. Que bela troca! O dia todo o polegar que passava as bolinhas incansavelmente hoje digita letras, e isso tudo pra quê? Para tentar uma religação, um sentimento de união, para não se sentir só...
     E os angustiados que buscavam consolo nas palavras de um sacerdote que representava Deus, hoje o encontram nas de um terapeuta, que representa a ciência.
     E o oráculo, que era consultado antes de qualquer importante decisão, como troca de moradia, melhor dia e lugar para uma celebração, quem é esta pessoa com que começo a me relacionar, ou até para decisões mais simples, como: será que chove hoje, foi maciçamente substituído pelo Google.
     E os aborígenes que faziam danças ofertando a Deus para conseguir a fertilidade, de si e do solo, tem como substitutos modernos os que dançam em bailes movimentando assim também a energia da fertilidade, e quanta fertilidade!
     E os seres humanos que reuniam-se em rituais onde cantavam e movimentavam-se todos juntos, onde conseguiam entrar em estados alterados de consciência são hoje representados pelos tantos que vão a estádios de futebol mais no intuito de serem tomados por esta grande força que propriamente ver um jogo, que poderiam fazer no conforto do seu lar, com uma visão privilegiada de tudo!
     E este a quem recorríamos, que é onisciente, onipresente e onipotente, que antes era chamado Deus, hoje chama-se internet!
     Esta é a Era de Áquario, na qual estamos entrando! Onde tudo fica as claras, onde não importa exatamente onde vá, ou o que faça, mas como faz. A princípio acreditamos que o mundo está perdido, as pessoas estão se afastando de Deus. Mas na realidade os lugares consagrados a Deus, estão ficando mais vazios do comércio. E todos os atos oferecidos a Deus estão sendo feitos mais de coração, do que por repetição. E na grande realidade o tempo passa e a necessidade ainda é a mesma, sentir-se unido, parte integrante de algo maior, que conduza nossa vidas e que guie nossos caminhos, independente do nome que tenha, religião, capitalismo...sem que de fato precisemos despertar! Por que aí, quando isso acontecer, ir a Igreja ou ir ao baile serão atitudes Divinas!
                                                                                               Gisele T. Ricetti

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Desperta!

     Desperta! Procure fazê-lo se está dormindo ou sonolento.
     Desperta! Pois a vida passa.
     Desperta! Se se sente vítima, ou incapaz de mudar a realidade que vê... ou que pensa.
     Desperta! E não acordará em outro mundo, mas perceberá a realidade a sua volta, e o quanto ela é sagrada!
     Desperta! E sentirá a sua responsabilidade por tudo o que acontece, e só assim poderá alterar o que o desagrada.
     Desperta! E entrará no ritmo da Vida, e mover-se-á com graça e leveza!
     Desperta! E, acima de tudo, sentirá gratidão, no sentido mais pleno da palavra!
                                                                                     Gisele T. Ricetti



"Não sei exatamente em que momento comecei a despertar.
Só sei que comecei a desejar menos entender de onde vim
e a desejar mais aprender a estar aqui a cada agora.
Só sei que descobri que a solidão é estar longe da própria alma.
Que ninguém pode nos ferir sem a nossa cumplicidade.
Que , sem que a gente perceba,
estamos o tempo todo criando o que vivemos.
Que o nosso menor gesto toca toda a vida
porque nada está separado.
Que a fé é uma palavra curta
que arrumamos para denominar
essa amplidão que é o nosso próprio poder!"
                                                                                           Ana Jácomo

domingo, 7 de junho de 2015

Encerramento Prefeitura - 2013

     Grupo da prefeitura de Curitiba, minhas amadas companheiras com quem tenho a felicidade de compartilhar semanalmente por anos! Neste encontro mais uma vez incluímos a dança do ventre!





Sat Sangha 2013

     Sat Sangha é um encontro de amigos ao redor  da verdade! Mais um ano podendo compartilhar do respeito e confiança que há muitos anos nos são caras


     Mais uma bela mesa montada em grupo!


     A benção da mesa feita por todos os participantes!


 

Encerramento Prefeitura - 2007


     Parte do grupo de yoga da prefeitura de Curitiba! Um encontro com pessoas amadas com quem compartilhamos semanalmente!



 

Sat Sangha 2007

     União de amigos ao redor da verdade! Mais um ano de comunhão!






 

Sat Sangha 2008

     Mais um maravilhoso encontro com amigo para a vida  inteira, em busca do encontro com a verdade divina! A mesa, que é composta com a comtribuição de todos, fica sempre plena e bela!


 
     Neste ano não faltou a meditação de anjos, e a arte do Mehendi ( que é a tatuagem de Henna indiana) por parte dos pequenos!
 

 

Sat Sangha 2009

     Sat Sangha é um encontro de amigo ao redor da verdade. Neste ano fizemos um encontro onde, além das vivências habituais, tivemos pela primeira vez a dança do ventre contribuindo com sua alegria e expressão!


       A montagem da mesa, que sempre conta com a participação de todos, é um dos momentos mais especiais, pois se coloca nos atos a atitude de comunhão, não apenas com os demais, mas também com os elementos essenciais da natureza, a terra, a água o fogo, o ar e o éter!

 

Encerramento - Mulher 2012

Lindo texto feito pelo Christyano e entregue no final do espetáculo Mulher, de 2012. Construido internamente enquanto externamente movimentávamos o mundo, dançando e bordando, sorrindo e criando! Texto de uma testemunha ocular de todo o processo, que soube exprimir com maestria tudo o que vivemos intensamente! E com ele fechamos com chave de ouro todo o trabalho realizado sobre um tema tão profundo e belo!

    " Mensageiras de uma boa nova, a coragem de se fazer presente e entregar-se à dinâmica natural do fluxo de sua essência, tendo como pano de fundo a graça da dança.
     Nesta vivência de si mesmas, ora senhoras, ora artífices, criativas, geradoras, meio livres, elas concretizam a sua história surpreendente, tal qual a aranha que tece a sua teia com sua própria substância:ela mora, se protege e se alimenta. É da teia e com a teia que ela vive!
     Tecendo a dança a cada encontro, bordando os detalhes coreográficos no espírito da reunião. É na amizade cooperativa e cúmplice que um espetáculo se constrói.
     Maha Devi é uma realidade mais comum que se pode supor. Sob a benção do poder que as move, esse poder que vem de dentro, do útero e da alma, se encontra com sua polaridade externa promovendo a chama necessária à iluminar, aquecer e arder; no encontro divino/profano a exalar o perfume suave, mas inebriante do Sagrado Feminino.
     Movimento... e que movimento! Elas movem e são movidas, para dentro e para fora, relaxam, sorriem e se divertem, correm contra o tempo, choram... e nessa pressão a explosão! A expressão de sentimentos e novidades! As operárias do viver erguem as mangas, descalçam os scarpins e os tamancos, apropriam-se do momento e preparam o buquê! Que no momento, passado o agradável susto,oferecem com toda a sua intensidade e devoção à luz divina que as habita: a que chamam Mãe!"

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Nascer, rezar, respirar

     Nascer, rezar, respirar...
     Qual a grande diferença, qual a similaridade?
     Temos dado tempo suficiente para isto tudo?
     Respeitamos a unicidade do respirar (como se cada respiração fosse a única), e do rezar (como se cada prece fosse sempre nova, cheia de frescor)?
     Respeitamos a naturalidade do nascer? E do rezar?
     Respeitamos a sacralidade do nascer? E do respirar?
     Em tempos onde o natural, o único e o sagrado muitas vezes fica submetido ao tempo, ao dinheiro, e a "self", não podemos nos esquecer da atemporalidade do amor, do valor (e não do preço) de momentos únicos e do movimento da Vida, que máquina nenhuma pode registrar!
     Façamos então de cada respiração uma prece, de cada prece única e de cada nascer a expressão natural da Vida!
                                                                                                Gisele T. Ricetti


     "Que longo caminho percorremos!
     Saímos das águas e tomamos pé. Nós nos levantamos...
     Deixamos a posição rastejante da vida que se aventurava fora dos mares, fora de um longo passado oceânico.
     Nós nos levantamos.
     A Terra nos carrega.
     A Terra nos sustenta.
     Mas é do céu, da luz que vem a vida.
     Erguendo-nos, achamos a direção, sentido.
     Dirigimo-nos para nossa verdadeira fonte que está no alto.
     E sobe ao céu cada manhã.
     Para percorrer este caminho que leva do mineral ao homem, quanto tempo foi preciso!
     Milhares, não, milhões de anos.
     Esse caminho, reduzido no tempo, a criança, num relâmpago, faz novamente ao nascer.
     Não é o caso de esperar alguns instantes por aquilo em que a vida perdeu tanto tempo?
     Fazemos nossas preces correndo?
     E o que é a prece senão o inverso do caminho que a criança percorre ao nascer?
     Em qualquer religião, o fiel se curva.
     Interiormente, apenas em intenção.
     Ou se ajoelha, curva a cabeça, se inclina e toca o solo com a fronte, com os braços dobrados sobre o peito.
     Baixa-se.
     Demonstra obediência. Humilha-se.
     Beija a Terra.
     Submete-se a ela.
     Fazendo isso, fechando o corpo e o peito, esvazia-se,
expira...
e retoma, privado de fôlego, a postura e o estado da criança antes do nascimento.
     Então, tendo mostrado completa obediência, tendo tocado com a fronte Aquela que o carrega, que o nutre, a quem um dia retornará, está pronto para renascer.
     Corrige sua posição,
estende-se.
     Suas costas se abrem, se expandem.
     O ar o enche.
     E, com os olhos para o céu, envolvido pela luz, carregado pela inspiração, treme, sentindo a força que o invade.
     Sim, isto é a prece.
     Aí está o curto, o longo caminho que vai do fundo das águas, atravessa a Terra, os ares, para subir às alturas.
     É o duro caminho que a Vida percorreu e que todo ser refaz ao nascer.
     Fazemos nossas preces correndo?
     E para nascer, não é preciso mais que um instante?"
Frédérick Leboyer